A Polícia Civil do Rio Grande do Sul efetuou a prisão temporária do professor de Direito e advogado Conrado Paulino da Rosa na manhã desta sexta-feira (26 de setembro), em Porto Alegre. O renomado profissional é alvo de uma investigação por suspeita de envolvimento em crimes sexuais e violência psicológica contra diversas mulheres, em um período que se estende por mais de uma década, entre os anos de 2013 e 2025.
Prisão e Acusações Graves
A detenção de Conrado Paulino da Rosa ocorreu em sua residência na capital gaúcha. A operação policial precede uma coletiva de imprensa agendada para as 9h30 desta mesma sexta-feira, no Palácio da Polícia, onde as autoridades deverão fornecer detalhes aprofundados sobre o andamento da investigação e as evidências que levaram à prisão.
De acordo com informações divulgadas pela Polícia Civil, um número significativo de vítimas, ao menos 12 mulheres, procurou as delegacias para formalizar denúncias contra o professor. Os relatos são variados e graves, incluindo acusações de estupro, agressões físicas ocorridas durante relações sexuais e episódios de violência psicológica. Todas as mulheres que apresentaram as denúncias serão submetidas a perícia psicológica, um procedimento padrão para avaliar o impacto dos alegados crimes.
Detalhes da Investigação e Número de Vítimas
A delegada Fernanda Campos Hablich, responsável pela condução do inquérito, está explorando uma linha de investigação crucial: a possibilidade de que a proeminente posição de Conrado Paulino da Rosa no cenário acadêmico e jurídico tenha exercido uma influência intimidatória, dificultando ou atrasando as denúncias das vítimas ao longo dos anos. Essa vertente busca compreender se o poder e o prestígio do professor foram fatores que contribuíram para a relutância em denunciar os supostos abusos.
Medidas Cautelares Anteriores à Prisão
É importante ressaltar que, antes da prisão temporária desta sexta-feira, Conrado Paulino da Rosa já estava sob uma série de medidas cautelares impostas pela Justiça. Essas restrições incluíam o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, a exigência de comparecimento mensal em juízo para prestar contas, a proibição expressa de qualquer contato com as vítimas e testemunhas relacionadas ao caso, bem como o recolhimento domiciliar durante o período noturno. Adicionalmente, seu passaporte havia sido retido e ele estava impedido de deixar a comarca de Porto Alegre. Outra medida significativa era a proibição de frequentar universidades, congressos e simpósios, eventos que marcavam sua atuação profissional e acadêmica.
Impacto na Carreira Acadêmica e Profissional
Na semana que antecedeu sua prisão, o professor Conrado Paulino da Rosa foi desligado da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), instituição onde lecionava tanto na graduação quanto no mestrado em Direito, e onde também coordenava a pós-graduação em Direito de Família e Sucessões. Sua demissão, conforme nota da FMP, ocorreu em caráter administrativo, com a instituição afirmando que o ato se deu “sem juízo antecipado sobre responsabilidades relacionadas a fatos externos à instituição”.
Além de sua atuação na FMP, Conrado Paulino da Rosa possui um currículo extenso. Ele já presidiu a seção gaúcha do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM-RS), uma entidade de grande relevância no campo do Direito de Família, e é reconhecido como autor de 18 obras jurídicas, consolidando sua imagem como uma figura influente no meio acadêmico e jurídico.
Repercussão Institucional e Defesa do Acusado
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS) também se manifestou sobre o caso, anunciando a abertura de um processo ético-disciplinar contra o professor. O procedimento será conduzido pelo Tribunal de Ética e Disciplina da entidade, que avaliará a conduta profissional de Conrado Paulino da Rosa à luz dos códigos de ética da advocacia.
Em sua defesa, Conrado Paulino da Rosa utilizou seu perfil no Instagram para se manifestar, declarando que “repudia violência contra a mulher” e expressando confiança de que “a verdade dos fatos se sobressairá”. Seu advogado, Paulo Fayet, reforçou essa posição, afirmando ter “convicção da inexistência de fatos penalmente relevantes” no caso.
Desafios das Denúncias em Casos de Abuso de Poder
Casos de crimes sexuais e violência psicológica, especialmente quando o suposto agressor ocupa uma posição de poder ou prestígio, como no meio acadêmico ou profissional, apresentam desafios adicionais para as vítimas. O medo de retaliação, a descrença, a vergonha e a dificuldade em confrontar uma figura respeitada podem atrasar ou impedir as denúncias. Instituições de ensino e conselhos profissionais têm um papel crucial na criação de ambientes seguros e na garantia de que denúncias sejam investigadas de forma rigorosa e imparcial, protegendo as vítimas e assegurando o devido processo legal para todos os envolvidos.
