Movimentação Política Agita Mato Grosso do Sul: Reinaldo Azambuja Lidera Migração de Prefeitos para o PL

Políticos em evento partidário, com o ex-governador em destaque, simbolizando a migração de filiados entre partidos.

O cenário político de Mato Grosso do Sul está prestes a testemunhar uma significativa reconfiguração com a articulação do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para atrair um expressivo número de prefeitos para o Partido Liberal (PL). A expectativa é que aproximadamente metade dos 45 prefeitos atualmente filiados ao PSDB migrem para a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ato de filiação está programado para o dia 21 de setembro na Associação Nipo Brasileira, em Campo Grande. O evento, que promete reunir uma grande quantidade de pessoas, contará com a presença de Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, sublinhando a importância da movimentação para a cúpula do partido.

Reinaldo Azambuja: Estrela e Estrategista no PL

Apesar de resistências internas, como a manifestada pelo deputado federal Marcos Pollon (PL), que criticou duramente os responsáveis pelo convite a Azambuja, chamando-os de “canalhas”, o ex-governador deve ingressar no PL com um status de destaque. Com o aval do ex-presidente Bolsonaro, Reinaldo Azambuja é cotado para ser o candidato ao Senado em 2026 e terá autonomia, além de recursos, para estruturar as chapas de deputados estaduais e federais no estado.

Essa chegada, no entanto, coloca à prova o discurso de lideranças locais do PL, como os vereadores André Salineiro e Rafael Tavares, e o deputado estadual João Henrique Catan. Conhecidos por sua retórica contundente contra a corrupção, esses políticos já haviam criticado Reinaldo Azambuja em razão da Operação Vostok, que resultou em uma denúncia contra o ex-governador por supostamente ter recebido R$ 67,7 milhões em propina da JBS.

Novos Aliados: Históricos Polêmicos e Desafios para o PL

Entre os prefeitos que devem se filiar ao PL, destacam-se nomes com históricos controversos, que prometem gerar debates e testar a coerência do discurso anticorrupção de parte da legenda.

Aldenir Barbosa do Nascimento, o Guga: Condenado por Improbidade

Um dos novos filiados é Aldenir Barbosa do Nascimento, conhecido como Guga, prefeito de Novo Horizonte do Sul. Ele foi condenado por improbidade administrativa pela Justiça, acusado de desviar recursos do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian entre os anos de 2016 e 2017, período em que atuava como diretor administrativo e financeiro da instituição.

A sentença, proferida pelo juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou a perda da função pública de Guga, sua inelegibilidade e o pagamento de uma multa civil no valor de R$ 351,4 mil. Embora o prefeito tenha recorrido da decisão, seus embargos de declaração foram negados em 22 de agosto, mantendo a condenação incólume.

Juliano Ferro: Investigado e Condenado

Outro nome que se soma ao PL é Juliano Ferro, prefeito de Ivinhema, popularmente conhecido como “o prefeito mais louco do Brasil”. Ferro é alvo de investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por suspeitas de corrupção, falsificação de documento público e pela venda de uma caminhonete de luxo avaliada em R$ 500 mil, que supostamente seria produto de crime. Uma operação do Gaeco resultou na apreensão do veículo, além de armas e dinheiro.

Adicionalmente, Juliano Ferro foi condenado a um mês de prisão pelo Tribunal de Justiça por ter ameaçado o deputado estadual Renato Câmara (MDB), evidenciando um histórico de condutas que geram questionamentos.

A Lista de Adesões e as Incógnitas

A lista de prefeitos que devem trocar o PSDB pelo PL está sendo cuidadosamente elaborada pelo ex-governador. Entre os nomes já confirmados ou fortemente cotados para a filiação, destacam-se:

  • Thalles Tomazelli, prefeito de Itaquiraí e presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul);
  • Josmail Rodrigues, prefeito de Bonito, que fará a transição de ex-socialista para bolsonarista;
  • Rosária de Fátima, prefeita de Mundo Novo;
  • Juliano Guga Miranda, prefeito de Jardim;
  • Manoel Aparecido, prefeito de Anastácio;
  • Neco Pagliosa, prefeito de Caracol;
  • Marcos Calderan, prefeito de Maracaju.

Entretanto, o destino de prefeitos de cidades de maior porte, como Marçal Filho, de Dourados, e Dr. Cassiano, de Três Lagoas, ainda permanece incerto, adicionando um elemento de expectativa ao desdobramento dessa movimentação política.

Implicações da Reorganização Partidária no MS

A migração de prefeitos do PSDB para o PL em Mato Grosso do Sul, liderada por Reinaldo Azambuja, representa um movimento estratégico que pode alterar significativamente o equilíbrio de forças políticas no estado. Historicamente, o PSDB teve forte presença municipal, e a perda de quadros para o PL fortalece a base bolsonarista em preparação para as eleições de 2026. O PL, que busca ampliar sua influência em nível estadual e municipal, ganha capilaridade e estrutura com a adesão de gestores experientes. Este realinhamento partidário pode influenciar diretamente a disputa por vagas na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e no Senado, onde Reinaldo Azambuja é apontado como pré-candidato. A Operação Vostok, que investigou o ex-governador por recebimento de propinas, e as ações do Gaeco contra outros prefeitos, como Juliano Ferro, são exemplos da atuação de órgãos de controle no estado, que frequentemente impactam a trajetória de figuras políticas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *