Partidos da base governista acionam STF para suspender tramitação da ‘PEC da Blindagem’

Fachada do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, com seus pilares característicos sob um céu azul.

Os líderes das bancadas do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) protocolaram nesta quinta-feira, 18 de setembro de 2025, um mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo da ação é solicitar a suspensão da tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece novas restrições para a abertura de investigações criminais contra deputados e senadores.

A Ação no Supremo Tribunal Federal

No documento encaminhado à Suprema Corte, os parlamentares que representam os partidos da base governista argumentam que a chamada “PEC da Blindagem”, aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira, 16 de setembro de 2025, não observou o rito legislativo adequado. Segundo a petição, a tramitação da proposta afronta tanto o regimento interno da Casa Legislativa quanto os preceitos da Constituição Federal.

Irregularidades Apontadas na Tramitação

Os partidos questionam uma série de falhas processuais que, em seu entendimento, viciaram o processo de aprovação da PEC. Entre as principais irregularidades citadas estão:

  • A ausência de apresentação de emendas dentro do prazo regimental estabelecido para tal finalidade.
  • A falta de publicidade prévia do parecer emitido pelo relator da proposta, impedindo o conhecimento e debate adequado do texto.
  • A convocação das sessões de deliberação e votação da proposta sem a antecedência mínima necessária, comprometendo a transparência e a participação.

Na visão dos partidos que acionaram o STF, essas irregularidades comprometem a validade do processo legislativo e demandam uma intervenção da Corte para que sejam devidamente sanadas.

O Risco de um “Vício Insanável”

Os autores da ação enfatizam a urgência da intervenção judicial, alertando para as consequências da continuidade da tramitação da PEC. “A continuidade da tramitação da PEC 3/2021 pode consolidar vício insanável, tornando irreversível a lesão ao devido processo legislativo”, afirmam os partidos no mandado de segurança. Eles prosseguem explicando os riscos:

“Se o processo alcançar aprovação em dois turnos, o texto aprovado será enviado à apreciação do Senado, e a emenda poderá passar a integrar o texto constitucional, dificultando ou até inviabilizando a reversão de seus efeitos.”

A preocupação central é que, uma vez incorporada à Constituição, a reversão das novas regras se torne extremamente complexa, exigindo um novo processo de emenda constitucional.

O Conteúdo da Proposta de Emenda à Constituição

A “PEC da Blindagem”, após ser aprovada na Câmara dos Deputados, foi encaminhada para análise e votação no Senado Federal. Caso seja aprovada também pelos senadores, a proposta será promulgada pelo Congresso Nacional e passará a integrar a Constituição. As principais alterações propostas pela PEC são:

  • A exigência de autorização prévia, mediante votação secreta e com maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, para qualquer abertura de ação penal contra um parlamentar.
  • A concessão de foro por prerrogativa de função (o popular “foro privilegiado”) no Supremo Tribunal Federal para presidentes de partidos políticos, estendendo essa prerrogativa a uma nova categoria de atores políticos.

Essas medidas, segundo críticos, poderiam dificultar a responsabilização de políticos e líderes partidários, gerando o termo “blindagem” que a nomeia.

Entenda a PEC 3/2021 e o Foro por Prerrogativa

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) é um instrumento legislativo que visa alterar o texto da Constituição Federal. Para ser aprovada, uma PEC precisa passar por votação em dois turnos em cada casa do Congresso (Câmara e Senado), com aprovação de três quintos dos votos dos membros em cada turno. O “foro por prerrogativa de função”, popularmente conhecido como foro privilegiado, é o direito de certas autoridades serem julgadas por tribunais de instâncias superiores, como o Supremo Tribunal Federal, em casos de crimes comuns. A extensão ou restrição desse foro tem sido tema de intensos debates no Brasil, com argumentos a favor da proteção de autoridades contra perseguições políticas e argumentos contra a desigualdade jurídica e a lentidão processual que ele pode gerar.

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